ECCE (H)OMO

Pol Pi (FR/BR)

Passar de um corpo a outro, de uma língua a outra, de uma história a outra. ECCE (H)OMO é um desejo de refletir em ação sobre a noção de legado em dança através de uma possível interpretação do ciclo de dança Afectos Humanos, da coreógrafa alemã Dore Hoyer (1911-1967).

Este ciclo criado entre 1959 e 1962 é composto por cinco solos curtos. Cinco danças para cinco emoções: Ehre/Eitelkeit (Orgulho/Vaidade) Begierde (Desejo), Hass (Ódio), Angst (Medo), Liebe (Amor).

Do encontro entre o artista coreográfico Pol Pi e o registro das obras de Dore Hoyer (um filme em preto e branco, de 1967) nasceu o desejo de experimentar o que estas danças poderiam lhe fazer, e o que elas teriam ainda a expressar nos dias de hoje. Como tornar perceptível esta distância, como dar-lhe uma medida através do corpo, da fala, do espaço, com ferramentas e códigos estéticos do nosso tempo? Pi escolheu tratar essas emoções humanas não no sentido de um retorno, mas de uma investigação. Viajando entre o agora e o então, ele varia os pontos de vista, reconstituindo um arquivo vivo e frágil onde cada elemento é re-questionado, re-examinado e partilhado.

Dia 25/10, às 19h
Teatro Vila Velha
Duração: 50 min
Ingressos Sympla ou na bilheteria do Teatro, 1h antes da sessão: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia)
TRADUÇÃO EM LIBRAS

Pol Pi é um artista coreográfico brasileiro vivendo na França...
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Pol Pi é um artista coreográfico brasileiro vivendo na França...

Artista de dança transmasculino brasileiro vivendo na França desde 2013, Pol Pi se interessa por uma compreensão mais ampla do campo coreográfico, trabalhando em torno de questões sobre memória e temporalidade, linguagem e tradução, e a noção de arquivo em dança, com um interesse particular pelo site specific.

Formou-se em música erudita pela Universidade de Campinas (2005) e mais tarde cursou o mestrado em coreografia « exerce » em Montpellier (entre 2013 e 2015). Já foi intérprete para Holly Cavrell, Clarissa Sacchelli, Eszter Salamon, Latifa Laâbissi / Nadia Lauro, Pauline Simon, Aude Lachaise e Anna Anderegg.

A partir de 2010 Pol começou a desenvolver seus próprios projetos coreográficos, apresentados em diversas cidades e festivais no Brasil. Produziu e dirigiu as 5 edições do Free to Fall São Paulo e trabalhou como músico profissional por mais de 10 anos. Na França, Pol criou o solo ECCE (H)OMO (março de 2017), ALEXANDRE (maio de 2018) e ME TOO, GALATEE (outubro de 2018), LA (2019) e Schönheit ist Nebensache (2021), e o trio daté•e•s (2020).

Apresentou-se no Centre national de la danse, Festival Montpellier Danse, Musée de la Danse, Festival NEXT/Espace Pasolini, PACT Zollverein, La Raffinerie/Charleroi Danse, Vivat la Danse, Uzès Danse, Mac Val, entre outros.

Sua última criação, uma coreografia e peça musical em colaboração com o Berlin Solistenensemble Kaleidoskop, estreou em 2022.

@pol_pi_no_drama

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Ficha Técnica
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Ficha Técnica

De e com: Pol Pi
Olhar externo, assistente e cenografia : Pauline Brun
Dramaturgia e figurino : Pauline Le Boulba
Luz : Florian Leduc
A partir de uma coreografia original de Dore Hoyer
Música: Dimitri Wiatowitsch © Deutsches Tanzarchiv Köln
Transmissão das danças : Martin Nachbar
Administração e produção: Latitudes Prod. – Lille
Produção : NO DRAMA
Produtor Executivo: Latitudes Prod. – Lille
Coproduções: ICI – CCN de Montpellier/Languedoc Roussillon Midi-Pyrénées with Life Long Burning, Center national de la danse, PACT Zollverein, Honolulu com o CCN de Nantes, Théâtre de Poche de Hédé-Bazouges com Extensão Sauvage.
Com o apoio do Financiamento Transfabrik – “Fonds franco-alemand pour le espetáculo vivant”. Este projeto se beneficiou também do “Aide au project” do DRAC Île-de France – Ministério da Cultura e Comunicação (França), e de uma residência no Centre Français de Berlim

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Encarnar as danças de Dore Hoyer
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Encarnar as danças de Dore Hoyer

Eu encontrei estas danças pela primeira vez há seis anos, em São Paulo. Em um vídeo que data de 1967, podemos ver Dore Hoyer interpretar os Afectos Humanos para um programa de TV. Começa aí minha investigação em torno desta artista. Descobri então que ela cometeu suicídio logo após a gravação deste vídeo, que ela dançou para Mary Wigman, que ela deixou para trás uma obra múltipla, composta essencialmente de solos, e que ela permanece até hoje uma figura marginal da dança alemã.

Alguns anos mais tarde, comecei a aprender sozinha os cinco solos que compõem o ciclo Afectos Humanos. Mais tarde, para poder dançá-los em público, trabalhei com o coreógrafo Martin Nachbar, autorizado a transmitir-me as danças. Todo um percurso para que estes gestos se tornassem meus, para encontrar a minha dança na sua. Eu percebi que se eu não poderia fazer tudo o que eu queria com estas danças, nada me impedia de ser quem eu quisesse.

Encarnar as danças de Dore Hoyer não é para mim uma questão de restituição, mas muito mais a de uma busca que não deseja encontrar seu fim.

 

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a clareza do gesto e a incerteza do significado
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a clareza do gesto e a incerteza do significado

Ligada ao movimento expressionista alemão do qual ela participou ativamente – principalmente como dançarina de Mary Wigman – Dore Hoyer tem um lugar único na história da dança, na fronteira entre estilos e períodos. Em 1962, em pleno auge da dança abstrata americana, ela criou “Affectos Humanos”, uma série de peças curtas que dão corpo a uma ampla gama de sentimentos onde Vaidade, Desejo, Ódio, Angústia e Amor são lapidados por uma forte expressividade.

Desta obra inclassificável chegou até nós um filme em preto e branco, filmado em 1967, pouco antes de sua morte. Cerca de cinquenta anos mais tarde, este trabalho cruzou o caminho do coreógrafo e dançarino Pol Pi. Desse encontro nasceu o desejo de experimentar o que estas danças poderiam lhe fazer, e o que elas teriam ainda a expressar nos dias de hoje. À questão da transmissão desse legado veio sobrepor-se a da distância que nos separa de Dore Hoyer e das questões e preocupações que eram as dela em 1962.

Como tornar perceptível esta distância, como dar-lhe uma medida através do corpo, da fala, do espaço, com ferramentas e códigos estéticos do nosso tempo? Pi escolheu tratar essas emoções humanas não no sentido de um retorno, mas de uma investigação, usando o documentário, a performance, o concerto e o espetáculo. Viajando entre o agora e o então, ela varia os pontos de vista, reconstituindo um arquivo vivo e frágil onde cada elemento é re-questionado, re-examinado e partilhado. Na abertura desta fenda temporal vêm se infiltrar a clareza do gesto e a incerteza do significado, o desejo de compartilhar e os acasos da interpretação.

Catálogo Primavera 2017, Centre National de la Danse

 

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desdobramentos do próprio sujeito...
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desdobramentos do próprio sujeito...

Pol Pi evoca “menos uma restituição, do que uma investigação que não procura encerrar”. Uma trança liga e desata, entre uma dança efetivamente histórica, interpretada com rigor, e as linhas interpretativas que lhe estão ligadas. Trata-se dos desdobramentos do próprio sujeito dançante, em sua presença delicadamente ativa, inventiva e astuta, cruzando a invenção de sua identidade contemporânea não fixa.

Danser canal historique

 

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uma performance minimalista e delicada...
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uma performance minimalista e delicada...

Um jogo de mímica delicado e mutável, Ecce (H)omo desliza de um personagem para outro. Sozinho em um palco vazio, em sua sobriedade Pol Pi destaca a textura emocional. Como estremece e se espalha em gestos, nas vibrações de uma voz. Enquanto reserva como destaque a sensualidade do amor. Uma figura tão esguia quanto andrógina, Pol Pi (também conhecido como Paula Pi ou Paul/a Pi) reinterpreta as cinco sequências de Afectos Humanos. Ao longo da performance, os contornos da coreógrafa expressionista alemã Dore Hoyer (1911-1967) parecem tomar forma. É possível estabelecer um vínculo íntimo com uma pessoa falecida deslizando em seus gestos, suas palavras, suas viagens? Um jogo de cruzamentos e superposições, seguindo Afectos Humanos, Ecce (H)omo examina a mecânica das emoções humanas em ação. Para uma performance minimalista e delicada, tanto explorando categorias quanto sacudindo-as.

Parisart

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um solo fascinante...
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um solo fascinante...

Com Ecce (H)omo, Paula Pi assina um solo fascinante onde a escrita sensível e refinada do gesto traz à tona a memória de uma imagem fugaz e fantasiada do coreógrafo alemão. Sua interpretação, toda com pudor e modéstia, é profundamente tocante e deixa transparecer em marca d’água, numa sublime seqüência final, o fantasma de Dore Hoyer.

Ma Culture

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Bios equipe
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Bios equipe

PAULINE BRUN
Pauline Brun começou sua formação em dança contemporânea no Conservatório Nacional de Nice. Mais tarde entrou na Escola Superior de Artes Villa Arson (Nice) e em seguida na Escola de Belas Artes de Paris. Ela cursou o mestrado em coreografia “ex.e.r.ce” no Centro Coreográfico de Montpellier (2013-2015), onde desenvolveu uma pesquisa coreográfica e iniciou diversas colaborações em dramaturgia e cenografia. Em 2016 ela apresentou no Centro Pompidou a performance “Grand Bain” (no âmbito da exposição Musée On / Off), e participou de exposições coletivas com instalações e vídeos. No campo coreográfico ela colabora com Aria Boumpaki, Noga Golan e Calixto Neto, e acompanha a encenação ou concebe a cenografia / espaço para as coreógrafas Pol Pi, Pauline Simon e Ingrid Berger Myhre. Ela está atualmente em residência na Cité Internationale des Arts, em Paris.

PAULINE LE BOULBA
Pauline Le Boulba é artista-pesquisadora. Ela é doutoranda em um projeto de tese-criação no Departamento de Dança da Paris 8 (sob orientação de Isabelle Ginot) e imagina performances e objetos (ensaios, poemas, rap) como resposta crítica a outras obras. Ela desenvolve desde 2015 o projeto La langue brisée, composto por três solos que operam como três “recepções performativas” de obras que ela viu. Esse trabalho foi mostrado Ménagerie de Verre, Laboratoires d’Aubervilliers, do Théâtre de la Cité Internationale e no Centro de Arte Contemporânea de Brest – Passerelle. Seu próximo trabalho La langue brisée (3) estreará no outono de 2017 no Centro Nacional da Dança de Paris. Ela é regularmente convidada por outros artistas enquanto colaboradora artística e dramaturga (Paula Caspão, Volmir Cordeiro, Anne Lise Le Gac e Pol Pi).

FLORIAN LEDUC
Graduado pela Villa Arson de Nice (Escola Nacional de Artes), onde praticou perfor-
mance, vídeo e instalação. Dramaturgo, cenógrafo, iluminador e vídeo-maker, Florian co-
laborou em vários projetos pela Europa, como Las vanitas 2011, Médecine générale 2013 e Clap trap 2015 com Marion Duval; e Le vrai spectacle Festival d’Automne 2012, Suites
N°1, Suite N°2 et Suite N°3 Kunstenfestivaldesarts Bruxelles com Joris Lacoste; 7 min de terreurs (Yan Duyvendak); Trop frais, On a promis de ne pas vous toucher (Aurélien Pa-
touillard), Un après-midi au zoo (Cédric Djedje), Sa prière (Malika Djardi), Last plays (Lucie Eidenbenz), PLACE! (Adina Secretan), Postérieurs (Pauline Simon), Nouveau Monde
(Claire Deutsch), Du bist was du Hölst (Claire Dessimoz) and ECCE (H)OMO (Pol Pi). Ele é assistente do artista belga Erick Duyckaerts desde 2010.

MARTIN NACHBAR
Graduado pela SNDO em 1996, Martin Nachbar (* 1971) trabalhou como bailarino e
performer para companhias e coreógrafos tais como Les Ballets C. de la B., Vera
Mantero, Thomas Lehmen e Meg Stuart. Em 1999, Alice Chauchat, Thomas Plischke e
Martin fundaram o coletivo B.D.C. Entre outras obras, eles criaram “affects / rework”, para
a qual ele reconstruiu o ciclo de danças solo de Dore Hoyer “Affectos Humanos”. Esta
reconstrução teve três versões diferentes e já foi apresentada na Europa, América do Sul
e Ásia. Desde 2004, Martin criou mais de 20 obras coreográficas e ensina dança e
coreografia desde 2008 em toda a Europa. Martin foi classificado pelo Instituto Goethe
como um dos 50 coreógrafos de maior destaque na Alemanha. Seu trabalho tem o apoio
do Senado de Berlim, Fundo de Cultura da Capital (Berlim), pelo NPN e Kunststiftung
NRW.

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Histórico
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Histórico

RESIDÊNCIAS

Centre Chorégraphique National de Montpellier
Centre National de la Danse
Honolulu/Nantes
Centre Chorégraphique National de Nantes
PACT Zollverein (Essen)
Centre Français de Berlin

APRESENTAÇÕES DE ETAPAS DE TRABALHO

Théâtre de Poche d’Hédé Bazouges e em bibliotecas e mediatecas da região bretã (4)
Ménagerie de Verre, dentro da Carta Branca de Volmir Cordeiro (1)
Musée Unterlinden de Colmar, durante a exposição “Agir, contempler” (1)
Palais de Tokyo, durante DO Disturb (2)
Honolulu/Nants, palestra (1)
Centre Chorégraphique National de Nantes, mostra de fim de residência (1)
Centre National de la Danse, mostra de fim de residência (1)
Schaubühne Leipzig, durante evento sobre reconstrução em dança (1)

ESTREIA

Centre National de la Danse / Paris – de 21 a 23 de março de 2017

APRESENTAÇÕES

2017
11 de Junho – Festival Uzès Danse / Uzès
10 de Setembro 2017 – Participação no evento « Fous de Danse » em Berlin (produção da
Volksbuehne com o Musée de la Danse)
17 de Novembro – Festival NEXT / Espace Pasolini / Valenciennes
23 a 25 de Novembro – Festival TNB / Musée de la Danse / Rennes
Novembro de 2017 (datas exatas a confirmar) – PACT Zollverein / Essen

2018
3 de Fevereiro – Festival Vivat la Danse / Le Vivat / Armentières
17 de Fevereiro – PACT Zollverein / Essen
16 de Março – la Briqueterie / Paris (dentro de uma Journée Arcadi)
27 de Abril – Festival LEGS Charleroi Danse / La Raffinerie / Bruxelas
2 de Junho – Festival Cocotte / Centre Chorégraphique National de Rillieux-la-Pape

10 de Junho – Journée Institut Français Danse et Paysage / Centre Chorégraphique Na-
tional d’Orléans

21 de Julho – Prisão Feminina de Rennes (em parceria com o Musée de la Danse)
1 e 2 de Novembro – Trans Forma Festival / Mes de Danza / Sevilha

2019
30 de Janueiro – Festival Trentetrente / Espace Pluriel / Pau
13 de Fevereiro – Les Hivernales / Avignon
22 de Março – Festival Densités / Espace Collectif 12 / Mantes-La-Jolie
12 de Maio – Antistatic Festival / Sofia – Bulgária
30 de Agosto – Akademie der Kunst / Berlin

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