Tudo o que rolou no FIAC 2024!

A 15ª Edição do FIAC Bahia foi uma celebração à cultura e à diversidade cênica

O FIAC Bahia começou sua 15ª edição se perguntando: “Que Bahia é Essa?”. Ao longo de seis dias de programação vibrante, artistas, técnicos(as), pesquisadoras(es) e público conviveram com essa provocação através de estímulos diversos.

Mas o que se revelou nos encontros e espetáculos realizados entre os dias 22 e 27 de outubro em Salvador foi que essa não era uma pergunta ilustrativa ou sequer o tema da 15ª Edição do FIAC Bahia; representava um questionamento que colocava – e coloca – o Festival em movimento, propondo a todes olhar para o passado, o presente e o futuro das artes cênicas no estado.

Sim, o festival provocou reflexões sobre a identidade cultural baiana e as complexidades da contemporaneidade, mas, mesmo quando a Bahia não era o ponto focal da questão abordada em cena, a pergunta “Que Bahia é Essa?” tornava-se presente através da provocação essencial do FIAC: Como artistas do estado podem se enxergar neste contexto?

Em 2024, o FIAC Bahia contou com quase 100 profissionais diretamente envolvidas(os), além de mais 300 pessoas, indiretamente. Entre AQUI para conhecer as pessoas responsáveis por colocar o festival em pé este ano!

A 15ª. edição do FIAC Bahia é uma realização 7oito Projetos e Produções, com apoio financeiro do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.

Convidamos você a conhecer/relembrar alguns pontos altos do Festival este ano:

INÍCIO APOTEÓTICO

A abertura do FIAC aconteceu no dia 22 de outubro com a vibrante apresentação do espetáculo carioca Vogue Funk, que misturou elementos das culturas ballroom e funk para celebrar a expressão e resistência das periferias brasileiras.

Um público diverso e participativo marcou o início de uma jornada intensa, que contou com a presença do Secretário de Cultura Bruno Monteiro, representando o Estado da Bahia, da Profa. Suki Guimarães, representando a Escola de Dança da UFBA, Leo Teles, Coordenador de Teatro da FUNCEB e Gabriela Sanddyego, Diretora das Artes da FUNCEB, entre outros(as) representantes oficiais

Este espetáculo foi uma introdução impactante a uma curadoria em que o corpo humano assume papel central, funcionando como veículo de expressão de memórias e narrativas, de vivências pessoais e coletivas.

FORECAST NO FIAC

A parceria entre o FIAC Bahia e a plataforma Forecast mostrou-se um sucesso absoluto ao promover, neste ano, um encontro artístico profundo que fortaleceu o diálogo entre Brasil, Marrocos e Alemanha. A Forecast, plataforma internacional baseada na Alemanha e dedicada a fomentar e apoiar práticas criativas inovadoras, trouxe ao FIAC uma residência artística envolvendo os artistas Alice Ripoll (RJ) e Mehdi Dahkan (Marrocos).

A apresentação da mostra de processo dessa residência no FIAC revelou ao público um extrato solo de “KMs of Resistance”, explorando o poder do movimento e do ritmo para questionar normas sociais dominantes.

A vinda do artista Mehdi Dahkan (Marrocos) ao FIAC permitiu que o público pudesse conferir também à performance “Subject to”, de sua autoria, em duas sessões concorridíssimas no Teatro Gamboa. Tanto as sessões de “Subject to” quando a mostra de processo “KM´s of Resistence” contaram com ricos debates com o público após a apresentação, ampliando a relação do público com o artista e seus espetáculos.

Essa colaboração gerou um aprendizado mútuo valioso, consolidando uma base sólida para, talvez, futuros projetos conjuntos, capazes de elevar o potencial artístico das duas organizações.

DEMOCRACIA EM PAUTA

A 9ª edição do Seminário Internacional de Curadoria e Mediação em Artes Cênicas no FIAC Bahia criou um espaço de diálogo entre o público, artistas, intelectuais e agentes culturais. Com atividades totalmente gratuitas, o Seminário investigou, questionou e identificou pontos de aproximação e contraste em relação à realidade baiana e a de outras regiões do Brasil e do Mundo. E dois encontros tiveram especial interesse na relação entre política, democracia e artes cênicas:

Daniele Ávila Small (artista, crítica e curadora do RJ), Guto Muniz (fotógrafo e professor de MG) e Laís Machado (atriz, crítica teatral e produtore da BA) apresentaram em primeira mão no FIAC o resultado do projeto “O teatro e a democracia brasileira”, lançado em março de 2024 e que selecionou 50 trabalhos das artes cênicas criados e encenados a partir de 1985 que, através de suas propostas e encenações, foram de grande importância nas discussões sobre o processo democrático brasileiro. para acessar este trabalho, CLIQUE AQUI.

Já o professor e consultor português Hugo Cruz aproveitou o lançamento no FIAC do seu livro “Práticas Artísticas, Participação e Política” para dividir insights de suas pesquisas em Portugal e Brasil sobre os desafios e possibilidades da participação cívica através da arte. O encontro reuniu artistas e produtoras(es) interessados em articular suas atuações com comunidades, projetos sociais e pensamentos artísticos.

ESPAÇOS E GRUPOS DA BAHIA

Outro destaque no Seminário foi no encontro “Espaços artísticos em Salvador: territórios, comunidades e públicos”. Criando um ambiente de aproximação e fortalecimento de redes através da escuta e da fala, o FIAC convidou representantes locais para rodadas de conversas informais com o público, que pode trocar e conhecer melhor o trabalho e a realidade desses espaços. Estiveram presentes no encontro Daniel Moreno e Jones Mota (Teatro Cereja), Ellen Mello (Cada Arte Dá Trabalho), Fernanda Paquelet (Galpão Wilson Melo), Gordo Neto (Casa Preta), Luana Serrat (Circo Picolino), Maurício Assunção (Teatro Gamboa Nova), Robson Mol (Doutorando PPGAC UFBA), Thiago Carvalho (Casa Evoé).

CRÍTICAS À QUEIMA-ROUPA

Numa parceria com o FIAC este ano, a Revista Barril, com Alana Falcão (Artista da dança, Professora e Escritora da Bahia), a Trilhas da Cena, com Daniele Ávila Small (artista, crítica e curadora do RJ) e Leonardo Fazolla (Ator, produtor, pesquisador do RJ) produziram críticas da programação artística do FIAC para a internet.

Como a própria Revista Barril conceituou, foram coberturas do festival “à queima-roupa”, com vídeos postados no Instagram a partir das impressões/sensações/reflexões geradas após as sessões. Quer conferir? Vamos lá:

  • Crítica de Alana Falcão para “Vogue Funk”, sob direção de Patfudyda/Wallace Ferreira. CLIQUE AQUI para conferir
  • Crítica de Alana Falcão do espetáculo-manifesto “CONTRA XAWARA”, de Juão Nin. CLIQUE AQUI para conferir
  • Crítica de Alana Falcão da peça “Meu Corpo Está Aqui”, do Rio de Janeiro, com texto e direção de Clara Kutner e Julia Spadaccini. CLIQUE AQUI para conferir
  • Crítica de Alana Falcão da obra “L’Homme V.”, de Vincent Warin – Cie 3.6/3.4 (França). CLIQUE AQUI para conferir
  • Crítica de Daniele Avila Small para “SAMPLE: é que nem cortar quiabo”, de Brunno de Jesus (BA). CLIQUE AQUI para conferir
  • Crítica de Daniele Avila Small para “Museu do Que Somos”, do CORRE Coletivo Cênico (BA). CLIQUE AQUI para conferir
  • Crítica de Leonardo Fazolla para “Eu cá com meus botões”, do Coletivo Trippé (BA). CLIQUE AQUI para conferir

TRILHAS DA CENA

Em 2024 o FIAC Bahia investiu no estímulo à internacionalização das obras do estado da Bahia que participaram da programação do festival, através da criação de uma página bilíngue destes espetáculos e/ou artistas em parceria com a plataforma Trilhas da Cena. Em agosto de 2023 lançou A plataforma Trilhas da Cena foi idealizada pelo fotógrafo e professor Guto Muniz e foi lançada em 2023. Nela, Guto rompe com as barreiras do seu acervo próprio de imagens do teatro brasileiro e convida profissionais envolvidos nas artes cênicas – e também amantes dessa cena – para uma construção conjunta e colaborativa da memória do teatro, da dança, do circo e da performance brasileiras.

Para saber mais sobre o projeto, é só acessar o Trilhas da Cena CLICANDO AQUI.

OCUPAÇÃO DE ESPAÇOS DA CIDADE

O FIAC Bahia 15 dialogou com Salvador também a partir da maneira como ocupou seus espaços culturais, espaços públicos e ambientes não convencionais. As parcerias com o Museu de Arte Contemporânea, o Museu de Arte da Bahia, a Escola de Dança da Funceb e a Universidade Federal da Bahia (através da Escola de Dança e da Escola de Teatro) permitiram ao público fluir com a programação do festival por esses espaços.

O espetáculo Eu cá com meus botões, do Coletivo Trippé (Juazeiro – BA), foi para a Quadra do Conjunto Santa Luzia, em Alagados, para falar poesias com dança através de vivências poéticas (botões) que desaguaram em uma montagem que se relacionou com a cidade a partir de outro eixo.

Já a oficina Giganteia, realizada ao longo do festival pelo grupo mineiro Pigmalião Escultura que Mexe, culminou em uma intervenção urbana nas ruas da cidade, onde um boneco gigante homenageou o artista Jayme Figura (1959-2023), artista visual, poeta e músico baiano, ícone da arte performática na cidade. Esta ação, usada para intervir nos regimes de visibilidade e invisibilidade na cidade, marcou um fechamento expressivo e colaborativo da 9ª edição do Seminário Internacional de Curadoria e Mediação em Artes Cênicas no FIAC Bahia, conectando público e artistas em um ato de reconhecimento e celebração das identidades locais.

ACESSIBILIDADE E MEDIAÇÃO

O FIAC Bahia deste ano também demonstrou forte compromisso com a inclusão, garantindo acesso a uma parte significativa de sua programação de forma gratuita e oferecendo interpretação em Libras. Esse esforço de democratização da arte foi potencializado pelo Programa de Mediação Cultural do festival, que aproximou diferentes públicos do universo artístico do festival.

NOVOS PÚBLICOS

Esta edição do FIAC dialogou com novos públicos da cena cultural baiana. Um deles foi formado por 40 alunos da UNEB, que veio do município de Senhor do Bonfim, no interior da Bahia, para viver o espaço de troca e intercâmbio entre públicos, artistas, intelectuais e agentes culturais, criado durante o Festival.

Após 15 anos, o FIAC Bahia continua sendo um chamamento para a construção coletiva, compreendendo que relações de coautoria e fortalecimento de vínculos comunitários são ações em fluxo contínuo, num tempo espiralado.

Projeto plurianual

O FIAC Bahia, agora contemplado na linha de apoio plurianual da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, iniciou em 2024 uma fase de estabilidade e expansão, permitindo que o festival avance com um trabalho consistente até 2027. A 15ª edição, portanto, marcou o início de um ciclo de quatro anos junto ao Fundo de Cultura, dedicado não apenas à realização do evento, mas também ao desenvolvimento de ações estratégicas para o fortalecimento da produção artística baiana.

Entre essas ações, destacam-se o mapeamento de grupos e espetáculos, que visa documentar e estudar o cenário artístico local, e o estímulo à internacionalização das obras baianas (parceria com a plataforma Trilhas da Cena). Ao integrar Programação, Mapeamento e Difusão, o FIAC Bahia assumiu um papel de agente cultural ativo, ampliando a visibilidade da arte baiana e preparando o setor para as transformações impulsionadas pela Lei Paulo Gustavo e pela Política Nacional Aldir Blanc. Com isso, o festival se consolida não apenas como espaço de fruição artística, mas como um importante articulador de ações que sustentam e promovem a diversidade e a riqueza cultural da Bahia, impactando positivamente toda a cadeia produtiva local.

Equipe FIAC Bahia 2024

Se a pergunta “Que Bahia é Essa?” soou, no início do FIAC, como uma provocação pertinente, ao final de seis dias de programação desta 15a. edição, a questão ganhou novos contornos e reafirmou a posição do Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia como um dos principais eventos de arte do estado.

Novas perguntas surgirão nas nossas próximas edições, mas, até lá, festejamos o sucesso do FIAC Bahia 2024. Valeu!

 

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